quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Anteriores ao ano 2000

Em teoria, a ideia é boa. Carros anteriores ao ano 2000 poluem muito mais do que os posteriores ao ano 2000 (imagino que devido a uma razão técnica muito forte, como a inexistência de catalisadores, ou assim), e faz sentido que uma cidade proteja o seu centro histórico das agressões da poluição, sobretudo porque esse centro histórico é um activo turístico precioso. Eu já vivi na Baixa, e posso dizer-vos, como base em dados do Complexidade e Contradição Center for Urban Studies, que 79,3% dos transeuntes do eixo Avenida da Liberdade / Praça do Comércio são estrangeiros, em qualquer período do ano. Não me choca, por isso, que se tomem medidas de protecção especial desta área da cidade, sobretudo porque se trata de uma área central muito bem servida de transportes públicos. Em teoria, como disse, a ideia é boa. Mas o problema é que na prática a teoria é outra. E na prática esta medida de protecção ambiental colide violentamente com dois aspectos importantes: o parque automóvel dos cidadãos de Lisboa (que ainda tem muitos carros anteriores a 2000) e, a juntar a isto, a obsessão que os portugueses dedicam ao «carro»: atrevo-me a dizer que a legislação que os portugueses aceitam pior, ainda pior do que o aumento de impostos, é aquela que interfere com a utilização do seu carro. Por isso, espero que haja bom senso na implementação desta medida, mas que ela seja de facto implementada.